quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Moda é Identidade




Antigamente a identidade era fixa, cada um desempenhava um papel e a pessoa era reconhecida por ele, a identidade era imutável. Agora é permitido ser quem quiser, desempenhar diversas ‘posições de sujeito’ de acordo com o que se quer parecer.



Na pós-modernidade, a realidade está ficando obsoleta, do ponto de vista de um mundo imbuído de um espírito superficial, onde as aparências são levadas em consideração muito mais do que aquilo que as pessoas realmente são. Porém, não é só a cultura de massa que fornece modelos para construção de identidades, ela se aproveita de situações que acontecem no mundo real para ilustrar o mundo midiático e ‘devolve’ para o telespectador um novo modelo de consumo. Além disso, para fazer parte deste ‘espetáculo’ é necessário comprar ingresso e estar com vontade de assistir, sem público ele não acontece e não tem por que acontecer. O indivíduo é a peça-chave desta engrenagem, ele tem que estar disposto a fazer parte dela para funcionar.


A mídia expõe um modelo feminino, muitas vezes cruel, onde nem todas as mulheres se encaixam e gera uma frustração cada vez maior, deixando muitas mulheres neuróticas em busca de um padrão de beleza cada vez mais exigente, roupas mais caras, tratamentos de beleza mais avançados e um grande aumento da baixa-estima tornam-se constantes. Apesar do aumento do feminismo e da liberdade de expressão, a mulher ainda é muito estereotipada e constituída muitas vezes pelos mesmos modelos de identidade, principalmente pelos modelos de mãe, esposa dedicada que muitas vezes é traída e releva a atitude do marido, garota de programa, entre outros.


Além disso, a moda quando presente no cotidiano feminino, age diretamente na imagem, que passa a ser detentora de todo significado identitário, ao conter em si mesma o que se quer comunicar. Por meio dela, a mulher pode assumir uma identidade diferente, mãe e dona-de-casa, trabalhadora, dançarina e, na academia de ginástica, já encontramos uma ‘nova mulher’. Para fazer a mudança basta “trocar de roupa” e buscar em sua mente o que coletou para construir a identidade que irá assumir.



Desde os tempos mais remotos a indumentária já era item de diferenciação social. A distinção de sexos através do vestuário foi uma das primeiras formas de diferenciação através da moda. Apesar de nos dias de hoje existirem muitas peças em comum, antigamente isso era muito diferente. Mulheres não podiam usar calças, item do vestuário masculino, usavam somente saias e vestidos, muito compridos, bem diferentes de muitos modelos atuais. Mas isso mudou bastante em muitos países e hoje, os dois opostos acontecem. Mas ainda há culturas que delimitam a indumentária como a afegã. Antigamente, de acordo com as roupas de cada um, era possível dizer se eram reis, camponeses, comerciantes, padres, e delimitar a classe social.


Uma mulher bem sucedida ao comprar um vestido da Alta Costura, de um estilista famoso, não está interessada nos pedaços de tecido costurados, nem com a intenção de suprir uma necessidade básica de ter algo para vestir e não sentir frio. Ali, naquela peça de roupa, há muito mais que isso. Ela proporciona prestígio, inserindo sua usuária em posição social almejada, de acordo com o valor agregado que tal objeto proporciona.



O acesso a roupas de grife, usadas antes por poucos, pertencentes às elites, ficou mais fácil. Além disso, há falsificações muito baratas que, algumas vezes, suprem imageticamente a necessidade de ser visto, de ser notado e distinguido, dentro do nicho que pretende se enquadrar, em meio à multidão.


O capitalismo que começou com a sociedade do ter, passou a ser a sociedade do parecer. De qualquer forma, muitas mulheres continuam escravizadas e buscando artificialmente ser outra pessoa, agradar a outra pessoa, se sentir parte deste grande circo em que vivemos, de preferência com lugar de destaque no espetáculo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário