segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Bairros do Rio apresentam seus artistas do comércio de rua














Por Jota Junior
Quem circula pelo Rio de Janeiro, certamente já se deparou com meninos, homens e mulheres vendendo algo pelos sinais, vias públicas e calçadas. Eles penduram balas nos retrovisores, ensaboam os pára-brisas, e às vezes, até pedem uma moedinha. Há também artistas, malabaristas, equilibristas, palhaços, etc.

Nunca na história desse país houve tantos camelôs nas ruas. Se alguém dissesse essa frase não seria nenhum visionário, estaria apenas constatando fatos.

Nos engarrafamentos constantes, eles vão surgindo aos poucos, e em instante, são incontáveis. Tudo que você imaginar eles têm pra vender. Poder ser uma cervejinha gelada, água, biscoitos, pipocas, cuscuz, tapiocas, bombons, balas, cocadas, tapetes, flanelas, adesivos, perfumes, protetores de volante, limpadores de pára-brisa, e outras coisas mais. Na Linha Vermelha, os pontos de venda já são até demarcados. Famílias inteiras aportam à beira da avenida com suas mercadorias. Como diz Gê, um dos camelôs: “Às vezes, consigo arrecadar até dois salários mínimos, cerca de R$ 1.000,00, por mês”.

Hércules, um paraplégico, vítima de paralisia infantil, trabalha no sinal da rua Conde de Bonfim, na Tijuca, há quinze anos. Não tem feriado, não tem dia santo, faça chuva ou faça sol, todos os dias ele está lá, de bate pronto. “Suas balinhas de café, de tamarindo, de hortelã ou de mel adoçam a boca de minhas filhas já faz tempo”, diz um taxista de passagem naquele momento pelo local.
“Depois de muitas lutas, muitas idas e vindas, e muitas passagens por juntas médicas da previdência social, sempre sendo reprovado, consegui na justiça, o direito à aposentadoria como deficiente físico, o que me rende cerca de R$ 500,00, a mais, todo mês. Com mais alguns reais, que consigo no sinal, com minhas balinhas, dá para levar a vida numa boa e até ser feliz”, diz. “Tenho mulher e filhos pra dar de comer”, acrescenta. Perguntei-lhe, se fica aborrecido quando os carros não lhe abrem a janela, o que ele prontamente respondeu: “Não, claro que não, se eles não abrem a janela é porque o ar refrigerado foge e esquenta o interior do veículo”, justificou.

Sorriso é morador de Abolição, mas é quase impossível encontrá-lo por lá. Para uma conversa e algumas fotos, tive de “caçá-lo” na zona sul, mas precisamente no Posto Cinco em Copacabana. O cara é um artista! Um bom vivant! Pensei com meus botões: óculos escuros, boné, bermuda, camiseta sport wear, um chinelão e um sorrisão largo na cara. Um artista, e dos bons, na arte de viver e vender quinquilharias. O seu outdoor ambulante vende adesivos para todos os gostos. Para torcedores: o adesivo do seu clube favorito. Para os devotos religiosos: “Jesus te Ama”. Para a sogra: “A sua língua é igual à escada rolante, sem fim”. Para os machões: “Nóis capota mas num breca” e ou, “Não sou sapo mas adoro perereca”. Para os apressadinhos: “Calma corno”. Para a realidade social: “Filho de rico é playboy e filho de pobre é motoboy”.

“Nunca na história desse país, um cara como eu, lá da Zona norte, conseguiu ganhar tanto dinheiro que dá até para alugar uma vaga num apê (apartamento), aqui em Copa (Copacabana), com direito a tomar banho de ducha, café da manhã, ver TV e outras mordomias mais”, acrescenta.

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