segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Crônica do Rip Curl Pro Search San Francisco 2011


No surf, o Brasil parece estar chegando devagar e se colocando como uma das grandes pontências do esporte. Há cerca de três décadas, os brasileiros vêm fazendo história no tour mundial, mas a verdadeira época de glórias vem se firmando desde o ano passado, com o Adriano de Souza "Mineirinho" se consagrando na etapa do WCT na Barra da Tijuca, e com o surgimento do fenômeno Gabriel Medina.

Há quem diga que o Rip Curl Pro Search de São Francisco, etapa móvel do tour mundial de Surfe, vai ficar marcado pela gafe da ASP, coroando o mito Kelly Slater (KS) antes da hora. Mas para mim, não tem nem conversa. A batalha de Ocean Beach serviu como o segundo ato do espetáculo de Gabriel Medina no circuito da elite do surfe mundial.

O primeiro deles, a vitória indiscutível de Medina sobre Kelly, e quem acompanha o surfe um pouco mais de perto já sabe, teve como palco as ondas de Hossegor na França. Para comprovar o momento histórico do Brasil no Tour, no intervalo recheado de tubos de Peniche em Portugal, Adriano "Mineirinho" carimbou sua segunda vitória na temporada, com direito a Slater derrotado na decisão. Se não bastasse os triunfos de Gabriel e Mineiro, a prova realizada no litoral norte da California começou com ecos do título do companheiro de treinos de Medina em Maresias, Miguel Pupo na disputa Prime de Santa Cruz, pertinho dali de Ocean Beach. Beleza!

Vamos ao que interessa. Ou seja, direto para a quarta rodada do Rip Curl Pro Search, aquela que no novo formato do World Tour coloca três surfistas em cada bateria, não elimina ninguém e joga o vencedor direto nas quartas de final. Já ouvi gente dizendo, que depois do atropelamento coletivo que o Gabriel protagonizou na França, os juízes voltaram deliberadamente ao passado para valorizar manobras clássicas em detrimento dos aéreos acrobáticos dominados por Medina, e exatamente por isso Gabriel e Miguel, adversários do ícone careca na segunda bateria dessa quarta série, não tiveram chances. Discordo dessa teoria. Meu sentimento na hora foi de constrangimento, pois a dupla sensação do Brasil parecia aliviar seu ataque para KS agarrar definitivamente o décimo primeiro caneco de melhor do mundo.

A casualidade da abordagem da dupla goofy (canhotos), que está encantado o mundo, escorregou para uma forçada displicência. Resultado, Ke11y chegou lá de vez e os garotos foram mandados para a repescagem. Aí no dia da decisão, a dupla que estava na mesma estrada pegou rumos opostos. Enquanto Miguel foi surpreendido pela força e polidez do quarentão Taylor Knox, Gabriel começou a aquecer as turbinas para dominar o evento. Sua vitima na segunda repescagem foi o talentoso australiano Matt Wilkinson. Logo depois nas quartas, Medina encarou mais uma vez Slater.

Comprovando que ainda vale e muito voar, o moleque definiu a fatura com uma nota 8,5 conquistada com uma rasgada funcional e uma decolagem, que ele fez parecer tranquila na junção. Na semi, sem muito trabalho Biel vingou Miguel e deixou Knox, assim como em Hossegor, mais uma vez no terceiro posto. Na finalissima o australiano da vez ( Julian Wilson foi sua vitima na França) foi um renovado Joel Parkinson. Eu digo renovado, pois depois de seu grave corte no pé, só o tenho visto decolar nos vídeos. Dessa vez para espanto de muitos Medina não surfou acima do lip, apenas desenvolveu poderosas 'patadas' de back side para arrancar um 9 e um 7,5 e selar a segunda vitória em quatro eventos surfados na elite.

Talvez (e as possibilidades eram nítidas) se o Tour ainda estivesse na metade, o moleque ia acabar disputando o título. A revolução já está em curso e o Brasil é o líder do processo. Para a turma que gosta de números, Gabriel faturou 75 mil dólares pela vitória e recentemente renovou seu contrato com a Rip Curl com cifras semelhantes as das grandes estrelas do Tour, ou seja algo entre 6 e 7 dígitos por ano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário